O spread bancário está associado às taxas de juros vigentes no Brasil. O conceito representa a diferença que o banco paga para obter recursos de um poupador ou investidor e os juros que a mesma instituição cobra ao emprestar esses mesmos recursos. Portanto, podemos dizer que o spread determina quanto o banco vai lucrar com suas operações e quanto você pagará ao solicitar um empréstimo financeiro.
Todo investidor e instituição financeira devem entender o que é, funcionamento, qual a composição e como calcular o spread bancário para tomarem decisões conscientes e obterem lucros. No post, vamos mostrar o essencial sobre o assunto. Boa leitura!
O que podemos entender por spread bancário?
O spread bancário é a diferença que as instituições financeiras pagam quando investidores e organizações investem seu dinheiro e o valor que os bancos cobram para emprestar esse mesmo recurso a pessoas físicas e/ou jurídicas.
Para tornar as coisas um pouco mais claras, vamos ver um exemplo prático:
Suponha que você administre uma loja de autopeças. Para ter lucro, você tem que vender as peças por mais do que o preço de compra, certo? Isso é essencial para que seu negócio seja sustentável e se mantenha no mercado.
Na composição de preço de cada produto, é preciso levar em conta diversos componentes, como custos administrativos, logística etc. É só assim que você poderá formar um preço justo e capaz de atender às necessidades do seu negócio.
Então, o mesmo vale para as instituições financeiras. Para sobreviver, elas captam recursos financeiros de investidores e usam esses mesmos créditos para emprestar dinheiro a pessoas físicas e/ou jurídicas. Esse processo recebe o nome de spread bancário (lucratividade bancária).
Mas não pense que o spread bancário é formado apenas por essa variante. Outros componentes (impostos, taxa de administração etc.) são considerados para garantir a sobrevivência da instituição financeira no mercado.
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Como funciona o spread bancário?
O funcionamento do spread bancário é bem simples. Antes, saiba que ele é calculado com base na seguinte fórmula: spread bancário = (taxa de empréstimo) – (taxa de captação)
Veja um exemplo:
Imagine que você investe na poupança a uma taxa de 5% ao ano. O banco, que pega seu dinheiro e lhe paga 5% ao ano, empresta para financiar outras atividades econômicas, cobrando do tomador uma taxa de 25% ao ano. Nesse caso, o spread do banco é de 20% (23 – 5 pontos percentuais = 20%).
Com essa simples transação, a instituição financeira teve um lucro de 20% e você um lucro de 5% ao ano.
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Composição do spread bancário
O spread bancário é composto, basicamente, por cinco elementos:
- Custo de captação de recursos financeiros: trata-se do custo médio que um banco tem ao pagar juros sobre os investimentos. Ou seja, juros pagos em aplicações como poupança e títulos de crédito, por exemplo.
- Perdas por inadimplência: são as perdas por dívidas não pagas, empréstimos não recuperados pelos bancos e descontos fornecidos em negociações. É comum negociações de dívidas não pagas ocorrerem quando o consumidor deseja quitá-las e retomar o controle de sua vida financeira.
- Despesas administrativas: são custos comuns de manutenção e gestão de uma instituição financeira, como pagamento de salário, custos de campanha de marketing, logística etc. Normalmente, uma instituição financeira investe massivamente em ações de marketing para captar recursos e lucrar com base nisso. Os custos dessas atitudes são embutidos no spread bancário.
- Impostos e FGC: são os impostos pagos pelo banco em suas transações, como CSLL e PIS/Cofins. É também incluído neste componente as contribuições ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
- Margem de Lucro: trata-se do capital que é estabelecido para remunerar os investidores do banco, bem como seus sócios e acionistas. Normalmente, a margem de lucro varia de instituição financeira para instituição financeira e é formada com base no histórico de vendas e operações do banco, e condições da economia.
Como o spread bancário afeta as finanças?
De importância essencial para a lucratividade de um banco, vimos que o spread de uma instituição financeira não é criado apenas pelo lucro gerado pela instituição no processo de captação e empréstimo de crédito. Para sua composição, é considerado impostos, taxas administrativas, margem de lucro etc.
Assim, o spread pode aumentar ou diminuir dependendo das condições econômicas e fiscais do país e bancárias. Quanto maior for o spread, mais caro fica o crédito. Portanto, em um cenário em que o percentual do spread aumenta, as empresas e pessoas tendem a pagar taxas de juros mais altas para obter crédito e empréstimos.
Por exemplo, um pequeno negócio pode retardar seu crescimento financeiro devido ao aumento do spread bancário.
Fatores que contribuem para que o spread bancário do Brasil seja tão alto
Diversos fatores contribuem para elevar o spread bancário do Brasil. Confira os quatro principais a seguir:
1. Alta taxa de inadimplência
O Brasil é um país com uma alta taxa de inadimplência, com quase metade da população adulta endividada. Esse é um risco levado em consideração na hora de calcular o spread bancário. Em levantamento, a Agência Brasil destacou que mais de 70 milhões de brasileiros estão inadimplentes.
A questão é que isso acaba se tornando um problema para os bons pagadores, ou seja, aqueles que têm bom crédito e sempre pagam suas dívidas em dia.
2. Monopolização bancária
A monopolização bancária é unanimidade entre os especialistas na hora de explicar as razões do alto spread no Brasil.
Quanto mais concorrência houver no mercado, provável será que o preço de um serviço ou produto caia. Portanto, a entrada no mercado de novos players, a exemplo dos bancos digitais que estão surgindo, poderá contribuir para a queda do spread e liberação de mais crédito a uma taxa de juros razoável.
3. Alta da Selic
Outra razão pela qual os bancos brasileiros têm spreads tão altos é que eles acompanham a Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), que também é uma das taxas de juros mais altas do mundo.
A Selic é a base de quanto um investidor pode ganhar com base em suas aplicações. Mas qual é a relação entre os spreads bancários e a taxa Selic? Em geral, quanto menor for essa taxa, menos os bancos tendem a pagar pelos recursos captados no mercado, pois muitos investimentos pagam juros atrelados à Selic.
No entanto, quando a Selic sobe, os bancos compensam esse aumento aumentando as taxas de juros do crédito financeiro.
4. Densa carga tributária
A alta carga tributária também é responsável por elevar os spreads dos bancos nacionais, já que a monopolização bancária permite que eles repassem os custos tributários para aqueles que precisam de crédito, como os pequenos negócios e pessoas físicas de modo geral.
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Considerações finais sobre Spread Bancário
Entender o que são spreads bancários é o primeiro passo para investidores e profissionais em geral tomarem boas decisões, como solicitar empréstimos financeiros no momento certo, que é quando os spreads estão diminuindo.
Ficar de olho na economia e nas condições fiscais do país é outra ação que pode contribuir para que você aproveite oportunidades excelentes. No caso de uma instituição financeira, captar recursos pagando juros baixos nas aplicações feitas pelos investidores.
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