O que é underwriting e qual sua função nas emissões de ativos

Underwriting é o conjunto de atividades realizadas por instituições financeiras especializadas (bancos de investimento, corretoras e distribuidoras autorizadas) para viabilizar a emissão e colocação de ativos no mercado primário. No momento em que uma empresa decide levantar recursos via oferta pública ou privada — seja por ações, debêntures, certificados ou outros títulos — ela costuma contratar um ou mais underwriters para estruturar, precificar, subscrever e distribuir esses papéis aos investidores.

A função do underwriting vai muito além da simples venda: envolve análise de risco da emissão, composição do livro de ofertas, garantia de colocação (quando aplicável) e coordenação regulatória e operacional. Em mercados como o brasileiro, essa atuação é regulamentada por normas da CVM e por códigos de boas práticas de entidades de autorregulação como a ANBIMA, que definem procedimentos para ofertas públicas e responsabilidades dos participantes.

O papel do underwriter na estrutura da oferta

O underwriter participa da operação desde as etapas iniciais: due diligence, modelagem dos fluxos financeiros, definição de faixa de preço e estratégia de colocação. Na prática, a instituição faz a ponte entre o emissor (empresa que precisa de recursos) e os investidores institucionais e de varejo, preparando o prospecto, organizando roadshows e recebendo intenções de compra que comporão o “book” da oferta.

Em muitas operações, o underwriter também coordena o consórcio de colocação, agrupando outros intermediários para dividir risco e alcance comercial. Parte fundamental desse papel é a avaliação de demanda: se o book indica forte procura, a operação pode ser ampliada (greenshoe) ou melhor precificada; se a demanda for fraca, o underwriter pode usar ferramentas contratuais (como garantia firme) para proteger o emissor.

A coordenação dessa cadeia exige conhecimento de mercado, capacidade de distribuição e conformidade regulatória, funções que dizem respeito tanto à eficiência da operação quanto à confiança que o mercado depositará na emissão.

Leia também: O que é tokenização e por que ela está transformando o mercado financeiro

Principais modalidades de underwriting

Garantia firme (firm commitment)

Na modalidade de garantia firme, o underwriter assume o risco de subscrever os títulos não vendidos, pagando ao emissor o montante contratado independentemente da colocação final. Em outras palavras, o intermediário garante os recursos ao emissor e depois busca distribuir os papéis ao mercado.

Como define um glossário do mercado, “Garantia firme: o underwriter vai garantir a subscrição das ações para a companhia emissora dos papéis.” Esta modalidade dá segurança ao emissor, mas transfere o risco de colocação ao intermediário.

Melhores esforços (best efforts) e colocação por demanda

Na alternativa “melhores esforços”, o underwriter não assume risco de subscrição; ele se compromete a envidar seus melhores esforços para vender os títulos, mas não paga ao emissor por papéis não colocados. Há também formas híbridas e acordos condicionais, em que o consórcio aceita subscrever parte da emissão, ou repactua condições caso a demanda não atenda às expectativas.

Cada modalidade afeta preço, alocação de risco e custo da operação, de modo que a escolha é negociada entre emissor e intermediários com base no perfil da emissão e nas condições de mercado.

Processo de underwriter no mercado brasileiro e regulação

No Brasil, ofertas públicas seguem regras da CVM e práticas de autorregulação da ANBIMA. O underwriter deve garantir que informações essenciais constem no prospecto e que a divulgação seja transparente, além de respeitar procedimentos para formação de bookbuilding e alocação. Documentos como o Código de Ofertas Públicas da ANBIMA e orientações da B3 sobre custos e etapas de abertura de capital descrevem responsabilidades, prazos e requisitos documentais.

A exigência de conformidade é alta: por exemplo, o coordenador da oferta precisa manter controles sobre conflitos de interesse, procedimentos de due diligence e registros das intenções de compra, para que a alocação final seja auditável e transparente. Em consequência, a capacidade técnica e operacional do underwriter é uma variável crítica para o sucesso da emissão, pois envolve requisitos regulatórios, relacionamento com investidores e execução logística.

Leia também: Entenda a importância de um sistema de gestão de vendas no mercado de crédito

Riscos, remuneração e incentivos dos underwriters

Os underwriters assumem riscos financeiros (no caso de garantia firme) e reputacionais: uma colocação mal-sucedida pode gerar perdas diretas e comprometer relacionamentos futuros com clientes e investidores. Para compensar esses riscos, recebem remuneração sob a forma de comissões de distribuição, descontos na subscrição (spread) e, eventualmente, participações em opções adicionais.

A estrutura de remuneração é negociada conforme o porte da emissão, risco de crédito do emissor e modalidade de underwriting. Além disso, há incentivos ligados à qualidade da execução — um underwriter com bom histórico de colocação costuma obter acesso a operações maiores e melhores taxas.

Na prática, o preço final para o emissor incorpora esses custos de intermediação, de modo que a escolha do coordenador impacta diretamente no custo de captação. Controlos regulatórios e exigências de divulgação ajudam a mitigar práticas predatórias e a alinhar interesses entre emissores, intermediários e investidores.

Por que underwriting é importante para emissores e investidores

Para emissores, o underwriting entrega previsibilidade financeira, acesso a canais de distribuição e apoio técnico para estruturar a oferta de maneira atrativa. Emissões bem coordenadas tendem a ter melhor preço e menor volatilidade inicial, além de maior probabilidade de sucesso em mercados exigentes.

Para investidores, a presença de um underwriter reputado traz sinal de qualidade: o processo de due diligence, o bookbuilding e a alocação profissional reduzem assimetrias de informação e ajudam a formar um preço mais justo. Em suma, o underwriting funciona como um mecanismo que equilibra risco e liquidez entre quem emite e quem compra ativos, fortalecendo o mercado primário e facilitando a formação de um mercado secundário mais profundo e eficiente.

Underwriting é um pilar do mercado de capitais: articula eficiência, liquidez e governança nas emissões de ativos. Suas modalidades e práticas — desde garantia firme até melhores esforços — definem quem assume o risco de colocação e como o custo de captação será repartido.

No Brasil, a combinação de normas da CVM, códigos da ANBIMA e práticas de mercado exige que os underwriters atuem com elevado padrão técnico e de compliance, beneficiando emissores e investidores. Entender esse papel é essencial para quem participa de ofertas, seja como companhia emissora, investidor institucional ou consultor financeiro.

Acesse agora o site da Grafeno para receber insights acionáveis, cases e soluções que vão transformar sua tomada de decisão.

Descubra mais sobre Grafeno Digital

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading

Cliente, faça o seu login!

Selecione a plataforma abaixo, conforme o tipo de produto que deseja acessar:

Acesse aqui sua conta para: Conta Empresa, Escrow, Escrow Flex ou Titularidades.

Entre aqui para utilizar as soluções: Portal de Ativos, Grafeno Analytics e Grafeno+.

Qual solução atende melhor sua necessidade agora?

Conta Empresa