*Esta matéria é de autoria do Valor Econômico.
Por Álvaro Campos — São Paulo
04/04/2022
Criada em 2019, a companhia espera triplicar a receita este ano, chegando a quase R$ 50 milhões
A Grafeno, fintech que oferece infraestrutura para o mercado de crédito, trouxe Felipe Moreno, que tem passagens por Citi, Itaú BBA e Voiter, para ser seu novo CEO e sócio. Criada pela gestora Galapagos Capital, a fintech tem ainda como acionistas Álvaro Augusto de Freitas Vidigal e Daniel Doll, da Singulare (antiga Socopa). Criada em 2019, a companhia atingiu o “breakeven” (equilíbrio) no ano passado e este ano espera triplicar a receita, chegando a quase R$ 50 milhões.
A Grafeno presta serviços para empresas não bancárias que oferecem crédito, como fintechs, factorings, FIDCs, entre outros. Atualmente tem mais de 300 clientes, que por sua vez possuem operações de crédito com 3,8 mil empresas. Os volumes processados (TPV) já chegam a R$ 6 bilhões por mês. No ano passado, o volume fechado foi de R$ 48 bilhões e este ano a meta é atingir R$ 100 bilhões.
“Nós temos uma plataforma para servir esses credores, eles transacionam através de nós”, explica Moreno. São serviços como emissão de boleto, cobrança e conta garantia, além de uma área de “fintech as a service”. O alvo são credores que trabalham com empresas de médio porte, com crédito com garantia. Entre os clientes estão nomes como as fintechs a55 e iClinic Pay. O mercado final é estimado em cerca de 40 mil empresas e a Grafeno quer passar das atuais 3,8 mil para 6 mil empresas atendidas até o fim do ano.
Segundo Moreno, a Grafeno tem alguns ventos favoráveis. O primeiro deles é a proliferação de fintechs. O segundo é que no ano que vem entrará em vigor o open banking para empresas, o que dará insumo a credores não-bancários para a concessão de crédito além dos descontos de direitos creditórios. Além disso, pode ser beneficiada por mudanças regulatórias, como por exemplo a possibilidade de a CVM liberar a distribuição de FIDCs para pessoas físicas. “Temos conquistado novos clientes em um ritmo muito rápido. São credores que antes não tinham essas soluções que a gente oferece de forma estruturada. O registro de duplicatas, a digitalização e interoperabilidade dos cartórios são outros fatores que vão dar um impulso muito grande para esse mercado”, argumenta.
Segundo ele, o cenário macro não afeta tanto o negócio no atual estágio de crescimento acelerado da companhia. “Nós auxiliamos a reduzir as despesas do credor, então uma economia mais difícil pode até nos ajudar, já que nossos clientes vão querer controlar melhor suas despesas”.
A Grafeno também criou uma joint venture com o SPC Brasil para criar uma empresa de registro e escrituração de ativos, cuja licença está em processo de homologação pelo Banco Central. “É uma área que tem muita sinergia com que a gente já faz. Também temos outras duas parcerias em desenvolvimento, uma para tokenização de direitos creditórios e outra para soluções de inteligência de crédito”.